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Pasolini durante as gravações de Saló ou 120 dias de Sodoma |
O grupo 24 Quadros realiza neste mês de maio uma mostra
dedicada a Pier Paolo Pasolini, um dos grandes nomes do cinema italiano. Pasolini
nasceu em Bolonha, na Itália, em 1922. Estudou arte e literatura na universidade e
seguiu para Roma. A estreia no cinema foi como roteirista de filmes de Federico
Fellini, Francesco Rosi e Mauro Bolognini, entre outros. O primeiro filme como
diretor foi "Accattone", de 1961, mas o reconhecimento internacional
só veio em 1964, com "O Evangelho Segundo São Mateus".
Poeta, cineasta e acima de tudo um
polemista, Pasolini era um crítico da Itália do pós-guerra, uma Itália burguesa
e consumista que se livrara de Mussolini, mas tendia a retornar ao fascismo. O
uso do erotismo, da violência e da depravação foi constante em sua obra. Era um
meio de expressar sua visão da religião e da problemática social, motivo de
conflitos com a Igreja Católica e perseguições políticas.
As sessões acontecem às sextas-feiras, a
partir das 18h30, na Vila das Artes (Rua 24 de Maio, 1221 – Centro). A entrada
é gratuita.
Formado por alunos e ex-alunos da Vila das
Artes, o 24 Quadros, além de realizar mostras temáticas, reúne-se todas as
terças-feiras do mês, às 18h30, na Vila, para refletir sobre questões
do universo audiovisual. As atividades são abertas aos interessados.
Programação
Dia 4
Accattone - Desajuste social (Itália,
120 min, 1961)
Ao som da música sublime de Bach, Pasolini
nos apresenta a miserável periferia de Roma, onde vive Vittorio, mais conhecido
como Accattone, um jovem cafetão que explora a prostituta Madalena. Quando ela
é presa, ele fica sem rumo até se apaixonar pela ingênua Stella, que tenta
fazê-lo mudar de vida.
Dia 11
Gaviões e Passarinhos (Itália, 89
min, 1966)
Pai (Totó) e filho (Ninetto Davoli), ambos
trabalhadores proletários, empreendem uma viagem, acompanhados e orientados
pelas idéias de um corvo falastrão. Ao final, o pai, faminto, acaba por fazer
da ave o seu jantar. Parábola ferina de Pier Paolo Pasolini sobre o universo
dos marginalizados, elemento comum na obra do diretor italiano. O filme integrou a seleção oficial do
Festival de Cannes de 1966.
Dia 18
Em Milão, a vida de uma rica família
burguesa é totalmente modificada por um misterioso visitante, que seduz a
empregada, o filho, a mãe, a filha e finalmente o pai. Além disto, tem um
contato intelectual com todos eles, convencendo-os da futilidade da existência,
e, após cumprir seu objetivo, parte em poucos dias. Após sua ida, ninguém da
família consegue continuar vivendo da mesma forma, sendo que cada um deles toma
um caminho diferente: a mãe se entrega ao primeiro que surge, a empregada passa
a levitar, o filho pinta quadros que suja com fezes, a filha se torna uma
catatônica e o pai, um rico empresário, abandona sua fábrica, se desnuda em
plena estação ferroviária de Milão e desaparece no deserto.
Dia 24
Decameron (Itália/França/RFA, 110
min, 1971)
Uma adaptação de nove histórias de Boccaccio
do "Decameron": freiras
devassas que realizam "milagres" sexuais, uma esposa traiçoeira com
habilidade para negócios, um artista tuberculoso à beira da morte que tenta
trapacear com o Céu, jovens amantes apanhados com as calças na mão, um criado
que perde a cabeça por amor e um simplório fazendeiro que tenta transformar sua
esposa numa égua.
Dia 25
O filme foi inspirado no livro “Os 120 Dias de Sodoma”, do Marquês de
Sade, e conta a história de um grupo de jovens que sofre uma série
de torturas por quatro fascistas durante o ano de 1944, quando a Itália era dirigida
por Mussolini.
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